Assistindo à série “Mar da Tranquilidade”, me veio à mente a fragilidade humana diante da natureza misteriosa e a necessidade de urgência dos planos de ação contra a escassez hídrica. A série de ficção científica traz uma temática ecológica como pano de fundo. Sendo assim, a ênfase maior é sobre os experimentos feitos em humanos em uma base lunar. Esse tema renderia muitas discussões interessantes, porém o que me impactou foi como a vida aqui na Terra é mostrada em um futuro não muito distante em que a falta de água evidencia uma vez mais como as diferenças sociais provocam conflitos, dor e morte. Dessa forma, os ricos têm água em abundância, os pobres sobrevivem com sede, doenças e dor.
No ano em que a trama se passa, não se pode ter animais domésticos nem plantas ornamentais, pois todo ser vivo demanda uma enorme quantidade de água para sobreviver e nessa situação de escassez seria desperdício, sendo o responsável punido legalmente. A taxa de mortalidade infantil é altíssima e a expectativa de vida dos seres humanos foi substancialmente reduzida.

Diante desse cenário, me pego pensando em tudo que temos feito e no que temos deixado de fazer sobre as questões ambientais e como isso poderá nos levar a viver o caos representado na série. Delegamos às gerações mais jovens o fardo e a responsabilidade de achar soluções para os imbróglios que causamos e sempre buscamos minimizar os impactos provocados por nós na natureza.
Estudos recentes sobre a oferta e a demanda de água em diversas regiões do globo foram contabilizadas e descritas em função da vazão e da densidade populacional, com base no indicador de Falkenmark , que estabelece as faixas de valores de disponibilidade hídrica/habitante /ano. ( PEDDE, KROEZE & RODRIGUES, 2013,p.07). Os resultados dessas pesquisas para a América do sul são extremamente preocupantes: escassez hídrica absoluta.
Não se trata de opinião, de alarmismo ou terrorismo ecológico, é evidência científica, comprovada e incontestável. Para alguns, ainda otimistas, ainda há tempo de consertar os danos que causamos ao longo de nossa história, para outros, já passamos do ponto em que um retorno seria possível.
Independente da visão que temos, otimista, realista ou pessimista, é imperativo entender que o pequeno e “pálido ponto azul” na imensidão do universo é nossa única casa. Se nós, os seres ditos racionais, não conseguirmos encontrar uma solução para desfazer a ruptura metabólica que criamos com o meio ambiente, não haverá água e sem ela, nenhum ser humano.